Política de acesso ao acervo
Regras para acesso ao acervo físico da Casa Zuzu Angel/Museu da Moda
quinta-feira, junho 29, 2017
O mês de junho tinha forte significado para Zuzu. Não porque ela tenha nascido num 5 de junho, em 1921. Mas por sua devoção e grande fidelidade a Santo Antonio. Ao longo de toda a sua vida profissional, jamais houve trabalho no atelier no dia de seu santo. Era feriado geral. Dia de prestar homenagem ao Antonio. Atrás das portas das casas em que morou, ele sempre esteve presente de modo singelo: um santinho de papel com uma oração, colado com fita durex. Ela a recitava ao entrar e ao sair, e ensinou os filhos a fazerem igual. Não tinha imagens caras, barrocas, elaboradas, de seu santo. Não dava importância a isso. Quando o pai, Pedro Netto, morreu, correu para herdar dele um pequeno Santo Antonio de massa e o missal. Zuzu não era extremamente religiosa, mas tinha grande fé. Em Santo Antonio. Outra crença forte era em Nossa Senhora da Conceição. Tinha uma em cima da cabeceira da cama. Mas Santo Antonio era o tal. Seu neto caçula, que ela não conheceu, João Pedro, ao ser batizado, foi dedicado a São Pedro. E durante toda a infância houve arraial na casa da Usina, hoje Casa Zuzu Angel de Memória da Moda do Brasil, onde um belo painel de azulejos de Santo Antonio pontifica no pátio da fonte.
O 5 de junho do nascimento de Zuzu foi escolhido o Dia do Meio Ambiente. Data significativa. Zuzu era puro ambiente. Seu humor, sua criatividade, seu dia a dia eram regrados (e regados) pela natureza em sua volta. Depois da chuva, ela montava em seu Fusca, punha as crianças no banco de trás e iam fazer a volta na Lagoa Rodrigo de Freitas, em Ipanema, vidros do carro abertos. Respirava fundo a clorofila, admirava “os morros lavadinhos, olhem só, crianças”, e voltava para seu atelier revigorada. Outras vezes, fazia ida-e-volta o trajeto da praia, do Leblon ao Leme, ou subia a Avenida Niemeyer, e descrevia seu deslumbre de mineirinha, à saída do Túnel Novo, desembocando na Praia de Copacabana, quando chegou à cidade e sentiu pela primeira vez na vida“aquele cheiro de maresia do Rio de Janeiro”.
A casa sempre cheia de plantas, e suas plantas eram viçosas e felizes como ela. Conferia à natureza poderes. Não dispensava a proteção da Comigo-ninguém-pode. A Espada de São Jorge, sempre presente à entrada, em dois ou mais vasos, ainda fazia o favor de florescer - uma excepcionalidade em se tratando da planta. Mamãe adorava as plantas, e elas amavam minha mãe. Também as elegia pela beleza. Antúrios, muitas samambaias, avencas e uma Avelós perigosa, que ela cuidava de alertar aos filhos: “Esta tem um leite que cega, não mexam”. Planta estranha e conhecida por muitos nomes - dedo de anjo, graveto do cão, cega-olho, canela de frade, figueira do diabo, árvore de São Sebastião - foi o permanente e único perigo a rondar nossa infância: se o leite vertido de um daqueles galhos verdes fininhos, parecendo lápis, pingasse em nossos olhos perderíamos a visão! Quebrávamos um galhinho e corríamos a lavar as mãos. Sempre me perguntei por que mamãe, tão cuidadosa, nos deixava à mercê daquela planta malvada? Talvez ela tivesse alguma capacidade protetora ou curativa... E não é que um pesquisador americano descobriu, sim, que ela pode tratar da verruga ao câncer! Ah, o nome científico é Euphorbia tirucalli.
Do flamboyant, no canteiro entre o muro e a casa, nunca pararam de brotar flores, as vagens carregadas de sementes, sempre tombando da árvore, e a gente aproveitava para esgrimir espadas com elas. Zuzu se orgulhava: “O meu flamboyant”.
Por todo esse significado, junho tem sempre prioridade na escolha de datas que homenageiem Zuzu Angel. Ocasionalmente ou de modo planejado, homenagens costumam ocorrer em junho. Foi quando ela mereceu o Prêmio Zuzu Angel, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, viu estrearem mostras de sua moda, foi honrada na home do Google Doodle em seu 93º aniversário, sem esquecer a abertura da Casa Zuzu Angel para os pesquisadores, neste junho de 2017, e o lançamento deste Portal.
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